Planejamento Financeiro Pessoal: 11 Passos para superar qualquer Crise

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Escrito por Jusivaldo Almeida, 01/05/2020

Toda crise financeira abre uma oportunidade para fazermos um balanço das coisas que realizamos, daquelas que postergarmos ou simplesmente abandonamos pelo caminho. Nesse momento, bate aquele orgulho das conquistas alcançadas ou aquela tristeza com relação ao que não conseguimos realizar. O fato é que, para alcançar nossos objetivos e sonhos, sejam pessoais, profissionais ou do negócio, é preciso ter um planejamento do passo a passo a ser seguido, um guia, uma bússola. Enfim, um planejamento financeiro pessoal feito com consciência é uma das ações essenciais para superar qualquer crise financeira e realizar qualquer sonho ou objetivo em nossas vidas, seja no curto, no médio ou no longo prazo.

Neste artigo proponho indicar o caminho das pedras para você refletir sobre a sua situação financeira atual e a desejada para os próximos meses por meio do seu próprio planejamento financeiro anual. Sei que o padrão de vida de cada leitor é diferente, por isso falo de dívidas e investimentos. Espero te ajudar a partir de agora. Vamos em frente!

  1. O que é o planejamento financeiro pessoal?

O planejamento financeiro pessoal pode ser entendido como uma ferramenta de controle, que facilita a tomada de decisões econômicas que irão impactar na realização de seus sonhos e objetivos que envolvam o uso consciente do dinheiro em um determinado período de tempo.

  1. Qual o benefício do planejamento financeiro pessoal?

Na prática, seu maior benefício está em servir de guia financeiro com a previsão de quais serão as despesas e receitas no período de tempo escolhido. Dessa forma, é possível tomar uma decisão de compra, empréstimo, financiamento ou investimento com mais consciência. Ele te dará uma visão de como poderá estar no futuro, ou seja, endividado, equilibrado ou investidor. Portanto, deve ser visto como um hábito saudável da educação financeira de como lidar com o dinheiro ou com a falta dele. Esse planejamento irá te auxiliar a tomar as melhores decisões econômicas de acordo com o seu padrão de vida. Ele deve ser flexível, pois as ferramentas para seu uso são várias, como por exemplo, a planilha de orçamento, seja em formato eletrônico ou em uma folha de caderno. O modelo escolhido pode funcionar bem para uma pessoa e para outra não. Lembre-se que nada adianta ter um planejamento bem elaborado no papel se ele não for colocado em prática, se não for acompanhado e ajustado quando necessário.

  1. Quais são seus objetivos e sonhos com ou sem crise financeira?

Eu sempre digo em minhas palestras que as pessoas devem trabalhar para realizar sonhos, seus objetivos de vida. Dessa forma, comece listando todos os seus desejos pessoais, ouça seu cônjuge, fale com seus filhos, coloque tudo no papel, priorize, seja realista e saiba quanto custa cada desejo, quanto dinheiro tem guardado e quanto pode poupar de seus rendimentos até juntar o valor suficiente para a realização do objetivo. Mesmo que o sonho ou objetivo seja pagar dívidas ou sobreviver com um padrão de vida inferior por um período. As crises financeiras nos pedem esta reflexão.

  1. Como definir um objetivo?

Você listou vários objetivos, mas terá que priorizar aqueles que lhe trarão maior satisfação pessoal e que sejam factíveis dentro do orçamento para o momento atual que enfrentamos: uma crise de saúde pública, financeira e de desemprego no Brasil. Não é tarefa fácil para ninguém, mas precisa ser feito com a maior precisão possível. Por exemplo, se você priorizou pagar as dívidas da família, deve primeiro identificá-las: qual é o valor principal, quais são as taxas de juros, os prazos, qual é o montante, quanto irá poupar e por quanto tempo. Entenda que planejar juntar dinheiro para pagar dívidas até um ano é bem diferente de colocar como objetivo juntar dinheiro para trocar o carro da família. Percebeu a diferença? Saber priorizar em tempos de crise financeira é a grande virada que você precisa para assumir o controle de suas finanças.

  1. Objetivos definidos, posso começar a executá-los?

Calma, antes da execução saiba quais são seus compromissos financeiros. Faça um raio X das suas finanças atuais, corte alguns gastos, elimine outros, substitua hábitos ruins por bons. Seja prudente, inserindo a previsão dos gastos como impostos e volta às aulas suas e dos filhos e as datas comemorativas do novo ano, como feriados, aniversários etc. A mensagem aqui é colocar tudo na ponta do lápis e saber para onde vai cada centavo do seu rendimento para fugir de empréstimos, principalmente de cheque especial e cartão de crédito. A crise financeira passará, mas você deverá estar preparado e com tudo planejado na ponta do lápis. Os presentes, as viagens, as comemorações com amigos e família serão cheias de AMOR, abraços, beijos e menos presentes materiais. Pense nisso!

  1. Sair das dívidas pode ser um objetivo durante a crise?

Sim! Este é o sonho de mais de 63 milhões de brasileiros inadimplentes. Mas tenha calma, as dívidas foram feitas em vários meses e muitas vezes você não conseguirá saldá-las em um ano. Para sair ou não entrar nessa lista, o importante é saber qual o tipo de dívida antes de tomar uma decisão de renegociá-la. Acompanhe:

  • Dívidas com garantia real: Financiamento do imóvel, do carro, empréstimo com penhor de joias etc. Pense, se você não pagar ou renegociar essas dívidas, o credor poderá ficar com esses bens. Mas em momentos em que a crise financeira pessoal vem acompanhada da crise da economia, esses tipos de credores e a legislação irão ajudar a renegociar novos prazos e valores. Isso te dará um fôlego financeiro e emocional até se reorganizar com as contas e admitir um novo padrão de vida. Talvez mais simples, mas com expectativas, planejamento e esperança de dias melhores. Creia! Após a tempestade sempre vem o sol para todos!

 

  • Dívidas com itens essenciais: Se você não puder consumir esses itens, sua falta afetará de alguma forma sua autoestima, seu convívio familiar e sua própria sobrevivência. São exemplos a água, a luz, a escola dos filhos, o mercado, o açougue, a padaria, o seu transporte e até sua conta de telefone. Quitando esses débitos, você verá que sua saúde financeira começará a melhorar e seu humor também.  Aqui temos outro exemplo: você deve avaliar postergar ou renegociar algumas dessas contas, sempre observando o que está na Lei e aquilo que será negociação direta com a instituição.  Acredite, falar a verdade olho no olho sempre pode trazer um bom resultado!

 

  • Dívidas controladas: São aquelas dívidas que estão sendo pagas dentro dos vencimentos e estão previstas no seu orçamento, como carro, estudos, moradia. E que, por serem de médio e longo prazo, não vale pena tentar antecipar o pagamento das parcelas se não tiver poupado para isso. O importante é não ser pego de surpresa em emergências financeiras e ter que recorrer aos bancos e cartões de crédito. É verdade também que, em momentos de crise financeira na economia essas contas também podem ser reavaliadas, pois se sua família for afetada — por exemplo, com a perda de um emprego ou redução dos rendimentos dos negócio –, primeiro você terá que reavaliar todas as contas novamente e fazer caixa para a sobrevivência.
  1. Como ter uma renda extra durante uma crise financeira?

Considerando que você entendeu a importância dos passos anteriores, é necessário pensar que, em qualquer crise, é possível que você utilize parte do seu tempo para organizar coisas da casa, como arrumar a roupa, buscar aperfeiçoamento cultural na internet e assim vai. Em todas as crises alguns serviços sempre aparecem como oportunidades de renda extra. Vamos lá:

  • Renda 1 – Vendas on-line: Venda tudo o que você não usa mais aproveitando as plataformas on-line. A vantagem é ter uma empresa fazendo a divulgação dos seus itens e para potenciais clientes.
  • Renda 2 – Alimentação: No mundo todo, quando chega uma crise financeira, as pessoas começam a cozinhar em casa, ir menos aos restaurantes e assim aprendem novas habilidades culinárias e começam a vender refeições, doces, bolos e por aí vai. Se o problema é a entrega, os aplicativos de entrega de comida estão à disposição de maneira segura.
  • Renda 3 – Mundo digital, oportunidades mil: Desde os anos 2000, existem setores crescendo e funcionando melhor. Temos milhões de produtos digitais ou infoprodutos sendo produzidos e vendidos on-line. São exemplos cursos, palestras, livros e e-books. Venda seu conhecimento!
  • Renda 4 – Serviços artesanais ou especializados: as redes sociais podem te ajudar a conseguir uma renda extra anunciando seus serviços em segmentos específicos como: artesanato, contabilidade, costura, design, edição de fotos e vídeos, produção gráfica, produção de lives e webinars.
  • Renda 5 – Programa de afiliados: Com o cenário negativo para novos postos de trabalho ou até mesmo com a redução da renda da família, você deve procurar as empresas com programas de afiliação que podem garantir uma renda extra. Existem redes boas no ambiente on-line, nas quais você pode receber comissões a partir de 10% sobre a venda dos produtos.

8.Devo ter uma reserva para emergência?

Sim! Durante uma crise financeira é que entendemos a grande importância de reter parte dos recursos que ganhamos para esta reserva, que deve ser de 6 (seis) a 12 (doze) meses o valor do seu padrão de vida financeiro.  No planejamento consciente sempre será necessário prever poupar parte de seus rendimentos para fazer ou engordar aquela aplicação financeira para uso em casos de emergência que não estavam no seu orçamento. São exemplos a troca de carro, do celular, da TV, do computador, dos equipamentos de trabalho que podem ser usados para gerar renda, inclusive no home office, uma viagem, uma cirurgia ou mudança, a montagem de um negócio novo e até perda de emprego. São situações que podem ocorrer e para as quais você deve estar preparado.

9. Devo aplicar o dinheiro da reserva para emergência?

Sim! Comece o quanto antes — pode ser com valores pequenos, mas faça. Você pode começar a ser um investidor a partir de R$ 50/mês. Aconselho sempre aplicar em investimentos com maior liquidez, como fundos DI e Títulos Públicos (Selic). Se isso for complicado para você, servirá a poupança, mas lembre-se: a poupança não tem IR, porém pagará menos do que as indicações feitas aqui e, se você sacar antes do aniversário de cada depósito feito, não irá ganhar nada de rendimento.

10. E a sua aposentadoria sustentável, como fica? Vai deixar de pensar nela?

Lembre-se da reforma da Previdência de 2019 e de que, independentemente de qualquer crise, você poderá viver 100 anos e a previdência pública poderá não ser suficiente para te dar um padrão de vida sustentável. Começar ou reforçar aportes para um plano de previdência privada a partir de R$ 50/mês dará a você benefícios fiscais se utilizar o modelo da Declaração Completa. Caso use a Declaração Simplificada, também valerá a pena, pois você terá criado o hábito de reter parte do que ganha e assim aplicar em seu sonho de aposentadoria mais tranquila no futuro.

11. Cuidado com o “eu mereço”! Não vá se endividar nas compras on-line!

Vamos considerar que, durante a crise financeira, você já fez um raio X das suas finanças, mudou seus hábitos, criou renda extra e sabe qual será o seu novo padrão de vida e quais dívidas e contas deve priorizar. Já fez o planejamento financeiro por meio de um orçamento com rendimentos, incluiu os sonhos que seu dinheiro pode realizar, somou as prestações a pagar e renegociou as dívidas. O próximo passo é colocar dentro dos objetivos se presentear, pois agora você tem um planejamento, trabalhou duro nele. O presente pode ser algo barato, mas ainda assim será um presente. O que você não deve fazer é comprometer seu rendimento com coisas que não estavam planejadas e sair fazendo “shopping terapia” em compras on-line porque acredita estar fazendo um bom negócio — cuidado com o marketing de vendas digitais!

“Cuide bem do seu dinheiro, pois um dia ele cuidará de você.” Jusivaldo Almeida

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Bom proveito!

 

Sobre o Autor:

Jusivaldo Almeida dos Santos é sócio-fundador da JSantos Consultores, consultoria especializada em fundos de pensão, Coach Financeiro e Previdenciário, Contador, Conferencista, Escritor, professor convidado de curso de pós-graduação na USP-SP, instrutor da Universidade Corporativa UNISINCOR em disciplina de Finanças Pessoais. É vice-presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e Consultor e Conselheiro de fundos de pensão. Mestrando em Educação Financeira pela FCU –  Florida Christian University – EUA, com pós-graduação em Educação e Coaching Financeiro, especialista em Ciências Comportamentais, Atuariais e Comunicação. Profissional do segmento de previdência complementar há 24 anos. É ainda mentor e editor do blog e canal no YouTube “Dinheiro & Futuro”, com foco em finanças e previdência. É fonte de informações e concede entrevistas a programas jornalísticos como “Jornal da BAND”, “Jornal da RECORD”, “Jornal a TRIBUNA de SANTOS e Jornal ESTADÃO de São Paulo” e jornais e anuários de grandes fundos de pensão do Brasil.

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O Blog e canal Dinheiro & Futuro é uma iniciativa da JSANTOS Consultores, fundada pelo especialista em educação financeira e previdência privada Jusivaldo Almeida.

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